O Comitê Olímpico Internacional (COI) enviou, nesta terça-feira (6), uma carta ao presidente do Comitê Olímpico da Itália (Coni), Giovanni Malagò, na qual expressa “sérias preocupações” sobre um projeto de lei que prevê a reforma da entidade.
O Senado italiano votou ontem em favor de um projeto que daria ao governo o poder de intervir na governança e autonomia do Coni. A proposta vem causando uma revolta no mundo esportivo do país e abriu uma crise entre atletas e dirigentes e o partido nacionalista Liga Norte, promotor da iniciativa e do qual faz parte do vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini.
Uma carta do diretor de Solidariedade Olímpica do COI, James Macleod, levanta bandeiras vermelhas. Ele levanta seis objeções à legislação, alertando que as conseqüências podem significar a retirada do reconhecimento do Coni pelo COI.
“Como é costume nessas circunstâncias, examinamos cuidadosamente essas disposições e desejamos expressar sérias preocupações por parte do COI em relação a algumas delas que, se aprovadas, afetariam claramente a autonomia do Coni”, escreve Macleod.
A situação é acompanhada de perto pelo COI, uma vez que a candidatura de Milão-Cortina d’Ampezzo foi eleita para sediar os Jogos Olimpícos de Inverno de 2026. O presidente do COI, Thomas Bach, expressou suas preocupações sobre a legislação com o primeiro-ministro Giuseppe Conte antes da votação do COI, em junho.
Reportagens na Itália dizem que o presidente do Senado, Massimiliano Romeo, está rejeitando pedidos por escrito de líderes esportivos para modificar a legislação. Fontes afirmam que o autor da legislação, o subsecretário Giancarlo Giorgetti, se recusou a receber telefonemas de Bach para discutir o impasse.
O nível de preocupação do COI é tamanho que se ofereceu para reunir-se esta semana com legisladores italianos para encontrar uma maneira de evitar conflitos com a Carta Olímpica. A carta do COI reconhece que os CONs e os governos têm necessidade de trabalhar em parceria. Mas diz que os princípios da carta devem ser seguidos para produzir “colaboração positiva”.
“No entanto, essa cooperação deve ser estabelecida com respeito absoluto e mútuo da autonomia do Comitê Olímpico Nacional e das Federações Nacionais de Esporte, e sem qualquer interferência externa na governança e nas atividades dessas organizações”, escreve Maccleod.
O Comitê Italiano enfrenta esta crise após as ações do governo no ano passado, que incluem a retirada de 400 milhões de euros em financiamento. Esse dinheiro era distribuído pelo Coni aos órgãos esportivos nacionais, uma responsabilidade agora administrada pelo novo ministério da saúde e do esporte.