Moscou, Rússia – As audiências do caso entre a Agência Mundial Antidoping (Wada) e a Agência Antidoping da Rússia (Rusada) no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) devem ser abertas ao público. É o que defende a vice-diretora do órgão russo, Margarita Pakhnotskaya.
Várias federações esportivas russas, bem como o Comitê Olímpico (ROC) e o Comitê Paraolímpico (ROC) do país, enviaram suas notificações oficiais ao CAS no início deste mês, expressando intenção de participar das sessões.
“Eu acredito que as audiências em Lausanne devem ser abertas, uma vez que estamos falando sobre um veredicto sobre o futuro do esporte limpo”, Pakhnotskaya disse aos jornalistas. “Esta é a minha posição no momento, a menos que não haja violações dos direitos das testemunhas no caso”.
A assessoria de imprensa do TAS, entretanto, informou, na quinta-feira (23), que as regras do tribunal implicam em confidencialidade sobre o caso.
Em 9 de dezembro de 2019, o Comitê Executivo da Wada aprovou a recomendação de seu Comitê de Revisão de Compliance (CRC) e considerou a Rússia como não estando em conformidade com os padrões estabelecidos pela entidade, após comprovada a fraude nos dados entregues pela Rússia em janeiro passado. Desde então, a Rússia está proibida de participar de eventos esportivos internacionais, como Mundiais e Olimpíada, por um período de quatro anos.
Ainda que a sanção se aplique já para os próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que vão ocorrer em Tóquio a partir de julho, os atletas limpos do país poderão disputar os torneios, mas o deverão fazer na condição de atletas neutros sob a bandeira do COI (Comité Olímpico Internacional). E é justamente isso que a Rússia reivindica.
Conhecidos por ser um povo extremamente patriota (pesquisa de 2018 indicava que 92% dos russos se diziam patriotas), os russos consideram a possibilidade de competir sob outra bandeira algo “inadequado, ilógico e excessivo”, como descreveu Stanislav Pozdnyakov, presidente do ROC.
Foi assim, pensando em reverter a decisão da Wada, que a Rússia entrou com recurso junto ao tribunal. Os órgãos envolvidos no caso negam qualquer irregularidade.