Às vésperas do Mundial de atletismo, que começa dia 27 em Doha, Catar, o presidente da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo), Sebastian Coe, voltou a defender a decisão da entidade no imbróglio com a meio-fundista sul-africana Caster Semenya.
Coe, bicampeão olímpico nos 1500m, afirmou que a medida é necessária para “proteger as atletas do sexo feminino”.
A Iaaf quer obrigar as atletas com diferenças de desenvolvimento sexual (DSD), condição marcada pelo excesso de testosterona, no caso das mulheres, a tomar medicamentos para baixar os níveis do hormônio no corpo.
“O mais importante é manter o esporte unido, principalmente o feminino. É isso que importa para mim”, disse o dirigente em entrevista à CNN World Sport. “Pode ser que daqui a 30 ou 40 anos a sociedade adote uma classificação diferente, mas neste momento é minha responsabilidade proteger as duas classificações (masculino e feminino)”, completou.
Presidente da Iaaf desde 2015, Sebastian Coe insistiu que o assunto não é pessoal entre ele, a entidade e Semenya, e que ele não falou pessoalmente com ela sobre isso.
“Não se trata de um atleta em particular, não se trata de um país em especial, não se trata de um continente, e não vejo isso como uma questão pessoal. Vejo como a decisão certa e esses regulamentos foram apresentados pelas razões que considero corretas e, mais importante, pela maioria dos membros do meu Conselho”.
A decisão do órgão máximo do atletismo começou a valer em abril deste ano. De lá para cá, o embate entre a sul-africana e a Iaaf são constantes. Ela entrou com recurso junto ao Tribunal Arbitral do Esporte, o TAS, que “embora acredite que as regulamentações para pessoas com DSD sejam discriminatórias, é um meio necessário, razoável e proporcionado para alcançar o objetivo da Iaaf de preservar a integridade do atletismo feminino“.
Caster Semenya é tricampeã mundial dos 800 metros e bicampeã olímpica nesta prova. Com a decisão, e a recusa da atleta de submeter-se às novas regras, ela não disputará o Mundial de Doha, entre 27 de setembro e 6 de outubro. Ela, provavelmente, ficará de fora das Olimpíadas de 2020.