Casos de coronavírus crescem em Tóquio após adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos

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Tóquio, Japão – Como numa apresentação de nado sincronizado, os eventos pós-adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio parecem estar acontecendo de maneira cuidadosamente coreografada.

Primeiro, após muita relutância, as competições foram postergadas devido à pandemia de coronavírus (Covid-19). Em seguida, Tóquio, que aparentemente não estava sentindo os efeitos da crise, registrou 43 novos casos da doença. Por fim, o governo central decidiu tomar medidas para conter o avanço do coronavírus no país.

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Antes confiante de que as competições seriam realizadas no período previamente agendado, o primeiro-ministro Shinzo Abe proibiu a entrada de pessoas de 21 países europeus mais o Irã – um passo preliminar para declarar estado de emergência, embora tenha dito que isso não está em discussão (ainda).

“Para superar o que pode ser descrito como uma crise nacional, é necessário que o estado, as prefeituras, a comunidade médica e o povo ajam como um só e avancem com medidas contra o coronavírus”, disse Abe nesta quinta-feira (26).

Ele informou também que uma força-tarefa foi criada, depois de receber um relatório alertando sobre a chance de o vírus se espalhar amplamente pelo país.

O número de casos em Tóquio praticamente triplicou nos últimos quatro dias. A governadora da cidade, Yuriko Koike, disse que solicitou a ajuda de Abe e pediu para que os moradores fiquem em casa e saiam apenas em caso de necessidade.

“Nós talvez não tenhamos outra opção além de reforçar medidas mais duras de isolamento — o chamado bloqueio — para prevenir a disseminação do vírus”.

Yuriko Koike e Shinzo Abe, os principais interessados em manter os Jogos Olímpicos como planejado.

Até a última terça-feira, quando os Jogos foram oficialmente adiados, o Japão havia registrado 900 casos e 33 mortes. Na atualização de hoje, os números mostram que são 1,292 pessoas infectadas e 44 mortas.

Mesmo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tóquio 2020 seguiu com a programação dos Jogos. No sábado passado (21), mais de 51 mil pessoas se reuniram na prefeitura de Miyagi, para ver a recém-chegada chama olímpica. O revezamento da tocha, que chegou a ser iniciado, foi posteriormente cancelado.

A pandemia do coronavírus tornou a realização dos Jogos insustentável. Tóquio 2020 foi adiada, coincidentemente, antes dos casos locais crescerem. Assim, os organizadores podem dizer que a decisão foi tomada pela saúde mundial e não pela impossibilidade imposta pela doença na região.

Os Jogos Olímpicos seriam realizados entre 24 de julho e 9 de agosto. E a Paralimpíada ocorreria entre 24 de agosto e 9 de setembro. Um novo cronograma ainda será discutido para realocar os eventos no próximo ano.

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Gabriel Lima
Gabriel Lima
Gabriel Lima é jornalista, formado pela Universidade Federal do Pará. Já participou da cobertura dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, 2018. Na ocasião, esteve responsável pelas notícias e atualizações da ginástica artística.

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