Paratletas brasileiros enfrentam calor e fuso de 12h em busca de sonho olímpico

Data:

Hamamatsu, Japão – Apesar da longa viagem entre o Brasil e a cidade de Hamamatsu, local da aclimatação da delegação brasileira paralímpica para a disputa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, os atletas brasileiros têm enfrentado o calor e adaptação ao fuso horário como os principais desafios nos primeiros dias em solo japonês.

O país asiático está 12 horas à frente do Brasil e o mês de agosto é considerado um dos meses mais quentes e úmidos em todo o Japão no ano. A cerimônia de abertura dos Jogos, que será realizada no Estádio Nacional do Japão, às 8h (horário de Brasília), acontecerá no próximo dia 24 de agosto.

- Advertisement -

“Ainda estou sentindo muito o fuso, ainda estou um pouco ‘aérea’. Estou com muito sono. Dentro de alguns dias, entro no eixo. Cheguei [ao Japão] às 4h da manhã, fiquei acordada o dia inteiro e só fui dormir às 19h30 da noite do mesmo dia”, relatou Lorena Spoladore, velocista e saltadora paranaense da classe T11.

A Seleção Brasileira de atletismo paralímpico foi uma das que mais sentiu também os efeitos do calor nipônico, já que os primeiros treinos da modalidade aconteceram a céu aberto no estádio do Yotsuike Park, no Distrito Naka.

“Foi muito gostoso [fazer o primeiro treino em Hamamatsu], a pista é muito boa. Apesar do calor, que está grande, a pista é muito veloz e acho que até vou ter que fazer novas adaptações das marcas para os meus saltos. Vamos ver como será nos próximos treinos. Mas gostei muito”, afirmou Lorena, que é cega devido a um glaucoma congênito, dona de duas medalhas nos Jogos do Rio 2016: bronze no salto em distância e prata no revezamento 4x100m livre T11-13.

“Já tivemos o primeiro treino aqui e pudemos sentir o clima e o calor do Japão. Mesmo assim, estamos ansiosos para chegar logo em Tóquio e conhecer a Vila [Paralímpica]”, completou Vinícius Rodrigues, recordista mundial nos 100m na classe T63 (para amputados de perna).

Já a comissão técnica da Seleção Brasileira de tênis de mesa realizou uma palestra para os atletas da modalidade sobre o tema “sono” antes do embarque na semana passada, no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

“Um dos técnicos da comissão técnica é estudioso do sono e fez uma palestra conosco para preparar a gente em conseguir retomar o ‘estado normal’ o mais rápido possível. Então, saímos do Brasil sabendo que a viagem seria cansativa e dessa dificuldade da recuperação da rotina nos primeiros dias no Japão. O sono ainda está um pouco bagunçado, mas, com certeza, até o dia 25 já estaremos bem adaptados”, estimou o paulista Paulo Salmin, mesa-tenista da classe 7, referindo-se ao primeiro dia de disputa dos Jogos.

Estes fatores têm feito as comissões técnicas do Brasil ficarem ainda mais atentas aos aspectos físicos dos atletas durante a aclimatação em Hamamatsu. Elementos como hidratação e descanso, já valiosos durante os processos de treinamentos, ganharam importância ainda maior.

“Esta aclimação está sendo fundamental para nós. Estamos indo para o treino na quadra e percebendo o quanto está sendo exigido da parte física dos atletas porque [o Japão] é um ambiente que eleva muito rapidamente a temperatura corporal e precisamos hidratar bem, já que o desgaste físico é muito grande. As seleções que têm pretensões de chegarem às fases finais dos Jogos, vão precisar utilizar todo o elenco nas partidas”, avaliou Alessandro Tosim, técnico da Seleção Brasileira masculina de goalball.

- Advertisement -
Gabriel Lima
Gabriel Lima
Gabriel Lima é jornalista, formado pela Universidade Federal do Pará. Já participou da cobertura dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, 2018. Na ocasião, esteve responsável pelas notícias e atualizações da ginástica artística.

Compartilhe

Recentes

Leia também
Relacionados

Após resultados em Tóquio, Rebeca Andrade é homenageada pelo COB

Rebeca Andrade foi a primeira mulher a conquistar duas medalhas em uma mesma edição de Jogos Olímpicos

CPB vai pagar até R$ 160 mil por medalha na Paraolimpíada de Tóquio

O pagamento será feita de acordo com a cor da medalha e prevê faixas diferentes de recompensa para modalidades individuais e coletivas

Brasil bate recorde de mulheres medalhistas em Tóquio com Ana Marcela Cunha

Das quatro medalhas de ouro do país até agora em Tóquio, três foram conquistadas por mulheres

Atleta que foi expulsa da Olimpíada por seu país recebe asilo da Polônia

Krystsina Tsimanouskaya, da Bilorússia, foi retirada da Vila e levada à força ao aeroporto, de onde partiria para seu país