Paris, França – A crise mundial causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) ganha novos contornos a cada semana. Além de adiar calendários de futebol ao redor do planeta e jogar para 2021 a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a pandemia tem afetado a organização da Olimpíada subsequente, Paris 2024. A informação é da agência de notícias AFP.
O principal desafio da organização do evento é encontrar meios de economizar em um orçamento afetado pela crise. O adiamento dos Jogos de 2020 acenderam um sinal de alerta.
O assunto seria tratado em uma reunião executiva da Paris 2024, que aconteceria nesta quinta-feira, 3, mas que foi adiada por tempo indeterminado devido às mudanças nas equipes organizadoras a nível municipal. A reunião do conselho administrativo que aconteceria na próxima semana também foi adiada.
Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), visitará Paris na próxima semana. A informação foi confirmada pelo órgão à AFP.
Entre os tópicos que seriam tratados na reunião, estava a informação sobre o andamento da construção das linhas 16 e 17 de metrô do futuro Grand Paris Express e a situação em relação aos patrocinadores.
Mas em meio à crise, onde cortar?
O Comitê Organizador local participará com 3,8 bilhões de euros e mais 3 bilhões serão cooptados em conjunto com agentes públicos e servem como investimento na construção da Vila Olímpica e do centro de imprensa, por exemplo.
Apesar disso, algumas obras saíram do controle financeiro. O Centro Aquático Olímpico de Saint-Denis, que fica no norte de Paris, deu um salto exponencial em seu orçamento, sendo reavaliado de 113 milhões de euros para 174,7 milhões. Dinheiro que é de fundo público.
Tony Estanguet, presidente de Paris 2024, havia estabelecido em maio que deveria haver cortes em áreas como segurança, transporte e restauração, a fim de economizar, mas sem comprometer o espetáculo. De acordo com Estanguet, a contribuição dos patrocinadores será entre 1 e 1,2 bilhão de euros.
Um membro do Conselho Administrativo de Paris 2024 disse à reportagem da AFP que o intuito agora é se contentar em alcançar as previsões e não em superá-las. Ainda segundo ele, o adiamento de Tóquio 2020 enfraqueceu o ânimo de patrocinadores em relação aos rendimentos com os jogos.
De acordo com a fonte, o plano é economizar pelo menos 10%, algo entre 300 e 400 milhões para que a organização possa ter segurança. A AFP questionou o Comitê Organizador que não comentou o assunto.
Segundo agentes procurados pela AFP, há uma economia no orçamento para a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos com locais planejados em outras localidades.
Ainda de acordo com um representante municipal, “o nível de serviço durante os Jogos Olímpicos é delirante. É possível reduzi-lo um pouco sem afetar a qualidade, principalmente nos transportes de atletas”.
Também é esperado que as áreas de entretenimento sejam mais singelas. Como exemplo, a Vila Olímpica terá redução no número de quartos, passando de 18 mil para 15 mil. Agora, resta saber se haverá cortes em locais de competição ou em áreas operacionais.