Entidade internacional responsável pelo torneio olímpico de boxe, AIBA, que enfrenta crise com o COI, agora terá que lidar com federações nacionais dissidentes
O boxe amador enfrenta uma ameaça separatista antes dos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, depois que a Associação Internacional de Boxe (AIBA) elegeu um presidente acusado de ligações com o crime organizado.
A federação afirma que um “grupo desonesto”, liderado por “indivíduos cazaquistaneses”, pediu às federações nacionais de boxe que escrevessem ao Comitê Olímpico Internacional (COI) oferecendo ajuda para organizar o torneio olímpico de boxe sem a AIBA.
A entidade publicou, na sexta-feira (9), o que disse ser uma carta modelo organizada pelo grupo dissidente. A carta, não assinada, dirigida ao COI, diz que “o nosso grupo está pronto para fornecer os conhecimentos técnicos necessários e condições financeiras suficientes” para executar o torneio, citando “a terrível situação do boxe”.
As relações entre o COI e a AIBA são tensas desde que o empresário uzbeque Gafur Rakhimov foi eleito presidente da AIBA, em novembro, derrotando o cazaque Serik Konakbayev.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos alegou que Rakhimov é um traficante de heroína ligado ao crime organizado e o colocou sob sanções. Rakhimov nega as acusações.
A AIBA corre o risco de ser descredenciada como entidade olímpica, após o COI solicitar, em novembro, um inquérito sobre as finanças, a governabilidade e a ética da instituição. Até junho, quando o resultado do inquérito será divulgado, o órgão está proibido de entrar em contato com os organizadores de Tóquio em 2020.
Uma pessoa próxima às autoridades cazaques de boxe falou à Associated Press que a cópia publicada pela AIBA é genuína. Uma figura importante de uma federação nacional de boxe disse que foi procurada para assinar a tal carta, mas não o fez. O COI não sabe nada sobre estas propostas, segundo afirmou o porta-voz Mark Adams à AP.
A AIBA disse que lançou uma força-tarefa para investigar e disciplinar as pessoas envolvidas na circulação da carta, acusando-as de “sabotar a posição da AIBA dentro do movimento olímpico”.
“AIBA assume que o COI dispensou e se distanciou de todas e quaisquer atividades iniciadas por este grupo de indivíduos”, acrescentou a AIBA. “O COI foi contatado no que diz respeito à carta, no entanto, nenhuma resposta foi dada em troca”.