Varsóvia, Polônia – O governo da Polônia ofereceu asilo humanitário para a atleta Krystsina Tsimanouskaya nesta segunda-feira (2) em meio a uma crise diplomática nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A corredora é natural da Bielorrússia e precisou apelar para a polícia no aeroporto de Tóquio para não ser repatriada à força no domingo (1º).
A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores, Marcin Przydacz, mas ainda não há um posicionamento oficial de Tsimanouskaya. Conforme fontes ouvidas pela mídia japonesa, a atleta passou a noite na sede da Embaixada polonesa em Tóquio.
O caso de Tsimanouskaya ganhou repercussão mundial ontem mas havia começado um dia antes. A atleta foi para as Olimpíadas para disputar a prova dos 200 metros rasos, mas no sábado (31) foi incluída na prova do revezamento de 4x400m.
A corredora, então, usou suas redes sociais para criticar a mudança de planos e dizer que não havia sido consultada para entrar no revezamento. Disse que não tinha problemas em correr a nova prova, mas reclamou sobre a forma como a mudança foi feita.
Na manhã do domingo, Tsimanouskaya foi retirada à força da Vila Olímpica pela comissão técnica e levada para o aeroporto para voltar para Belarus ainda no domingo. Para o Comitê Olímpico da Bielorrússia, ela não tinha “condições emocionais e psicológicas” de continuar na competição.
No entanto, ao chegar no aeroporto, ela gravou um vídeo contando a situação e recorreu à polícia do local para não embarcar. O avião seguiu para Minsk sem Tsimanouskaya. Desde então, a crise envolveu o Comitê Olímpico Internacional (COI), além da organização local.
Na coletiva de imprensa dessa segunda-feira, pouco antes da notícia divulgada pela Polônia, o porta-voz do COI, Mark Adams, informou que tanto o órgão como os organizadores dos Jogos “tiveram conversas na noite de ontem” com a atleta e que “ela estava em segurança”.
Diferentemente da mídia japonesa, Adams informou que ela passou a noite em um hotel do aeroporto. O representante do COI ainda ressaltou que a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) está também cuidando do caso.
Crise na Bielorrússia e temor de Tsimanouskaya
O temor de Tsimanouskaya em retornar ao seu país ocorre porque, desde as últimas eleições presidenciais ocorridas no país em julho do ano passado, o governo aumentou a repressão contra quem critica o presidente Aleksandr Lukashenko – prendendo inclusive diversos atletas que se manifestaram. O Comitê Olímpico do país tem como presidente Viktor Lukashenko, filho do presidente, em pleito não reconhecido oficialmente pelo COI.
O mandatário é considerado o “último ditador da Europa” porque está no poder desde 1994 e, na última disputa, as denúncias de fraude se multiplicaram. Lukashenko disse que venceu com mais de 80% dos votos, mas os protestos contra os resultados foram diários por meses.
O país vive sob inúmeras sanções de governos ocidentais, incluindo a União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, mas conta com o apoio irrestrito do presidente da Rússia, Vladimir Putin. .