Cagliari, Itália – Um dos principais descontentes com a situação enfrentada pelos tenistas em tempos de pandemia, o francês Gilles Simon resolveu disparar contra a estrutura da ATP e acusou as bolhas promovidas pelos torneios de pensarem mais na realização das próprias competições do que no conforto dos atletas.
“Todos estão no limite, mas no final são os tenistas que jogam. Para mim, as bolhas existem para proteger os torneios e não os jogadores. Estou conformado que nada vai mudar, que a ATP é muito mais sobre torneios do que sobre jogadores, e essa situação está deixando tudo muito claro”, afirmou Simon em entrevista ao L’Equipe.
“Esta é uma situação muito complicada. Esta crise diz muito sobre o sistema do qual fazemos parte, onde o maior esforço exigido é por parte dos jogadores. Se você não estiver satisfeito com as condições e não jogar, você cai no ranking. Sinto que estamos sendo forçados a jogar e perdendo dinheiro em muitos torneios”, complementou o francês de 36 anos.
Simon acredita que os mais jovens conseguem contornar melhor a situação, mas aqueles que possuem família e filhos sofrem mais. “As bolhas em torneios não são fáceis. Em Montpellier, fiquei muito deprimido ao ver as esposas dos jogadores passeando com seus bebês do lado de fora do quarto do hotel, pois havia um toque de recolher às 18 horas para os cidadãos”, contou o francês.
“Para mim, o ranking deveria ter sido congelado e assim só viaja quem estiver disposto. Quanto mais alto o ranking, maior a pressão. Aqueles que não vão receber o suficiente com o prêmio em dinheiro dos torneios, que não viajem”, acrescentou Simon, argumentando que a defesa dos pontos, ainda que alguma parte siga congelada, obriga os atletas a competirem para não caírem no ranking.