Thomaz Bellucci revela depressão após suspensão por doping

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São Paulo, Brasil – Plataforma criada pelo tenista norte-americano Noah Rubin para combater o estigma de falar sobre saúde mental entre os companheiros de circuito, o Behind The Racquet teve a colaboração do paulista Thomaz Bellucci, que abriu o coração e falou sobre as dificuldades que enfrentou para se tornar profissional, destacando principalmente a pressão dos pais quando era mais jovem e o problema que teve com o antidoping.

O canhoto de Tietê começou falando sobre o seu momento atual e a dureza para tentar recobrar seu melhor tênis. “É muito difícil jogar torneios menores que eu nunca havia jogado quando era mais novo, tem sido um processo para mim. Dois anos atrás, tive um problema com meus suplementes e medicações e fui forçado a parar por cinco meses, isso fez meu ranking cair”, disse Bellucci.

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“Foi um período muito triste na minha vida. Quando estava em casa, sem competir, estava extremamente deprimido por várias razões. Estava preocupado com minha imagem e com o exemplo que sou para as crianças. Não temos muitos jogadores no Brasil e, para eles, ver um dos principais tenistas do país ser suspenso nunca é uma coisa boa”, acrescentou o atual 321 do mundo, que já esteve 300 posições mais bem colocado.

Bellucci contou que levou a suspensão o fez perder a confiança que poderia voltar a figurar no top 100 outra vez. “Além de tudo, tive que lidar com lesões e isso fez a minha situação ainda pior. Levou um tempo, mas agora estou melhor e olhando para o futuro. Continuo amando competir e vou me dar mais alguns anos para tentar voltar ao top 100 antes de parar”, afirmou o brasileiro, que também falou sobre a pressão que enfrentou quando criança.

“Desde pequeno, sofri com a pressão que os meus pais colocavam em mim, principalmente com a do meu pai. Acho que a relação entre tenista e os pais normalmente é conflituosa, muitos deles não sabe como guiar suas crianças no caminho certo. Sofria porque queria muito ser tenista, mas também precisava me provar”, disse Bellucci, que quer ajudar jogadores e seus pais a lidarem com a situação depois de parar.

Para o paulista, o tênis precisa ser apenas uma coisa agradável, sem colocar pressão por vitórias. “Sinto que quando era mais novo, várias vezes eu não estava aproveitando o esporte, mas não culpo meus pais, pois eles nunca jogaram tênis e não sabem muito como é. Eles têm pouco conhecimento sobre as durezas de se ganhar um torneio, de tentar ser profissional. Quando perdia uma partida, não tinha apoio, eram apenas coisas negativas”, lembrou.

“Chorava constantemente após as derrotas esperando que me dissessem algo legal depois do jogo. Não era um bom ambiente para tentar melhorar, não estava relaxado e nem me divertindo. Ainda não sei o que vou fazer quando encerrar minha carreira, não quero esquecer essas experiências, pois tudo é um aprendizado. Quero tentar passar isso à frente para as próximas gerações”, finalizou Thomaz Bellucci.

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Gabriel Lima
Gabriel Lima
Gabriel Lima é jornalista, formado pela Universidade Federal do Pará. Já participou da cobertura dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, 2018. Na ocasião, esteve responsável pelas notícias e atualizações da ginástica artística.

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